quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A importância de um lugar

Num artigo de opinião na revista Visão, José Luís Peixoto escreveu esta frase; " Eu tenho um lugar. Por isso, nunca me perco no mundo imenso ".
Sim, todos temos um lugar. A nossa casa, a nossa aldeia, o nosso bairro, a nossa cidade, o nosso País.
Agora vamos imaginar uma pessoa que nasce num país distante, é  lá que cresce, que vai á escola, que tem amigos e família, que se faz adulto, depois repentinamente, por motivos políticos e de guerra tem que abandonar tudo aquilo que considera seu. Começa tudo de novo noutro país, é lá que forma família, tem a sua casa, a sua empresa, é feliz e realizada. Depois tudo de novo se desfaz, novamente a politica, um ditador. Volta á terra dos seus avós, só que já passaram muitos anos, tudo é novo e diferente, não se adapta, os filhos estão cada um num país diferente. Novamente parte á procura do seu lugar, agora a idade já pesa, já não tem vinte anos, custa mais começar de novo, mas tenta, tem a seu lado o companheiro de uma vida, não está sozinha mas precisa de encontrar o seu lugar antes que chegue o inverno da vida, precisa do aconchego de um lugar, de uma cidade, de um país.
Parece tão simples um lugar, só nos apercebemos da sua importância quando não temos um lugar á nossa espera, neste mundo imenso.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Florbela Espanca

                                                       Ser Poeta

 Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
 Do que os homens! Morrer como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além-Dor

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de infinito!
por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

O verão com as suas tardes longas dá para revisitar os  nossos poetas.
Nada melhor que a nossa Florbela Espanca para nos fazer companhia no terraço á hora do lanche.
Com um livro nunca estamos sozinhos.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Petisco algarvio - carapaus alimados

Quando ainda não havia o processo de refrigerar ou  congelar os alimentos para a sua conservação, era o sal o meio mais usado para conservar a carne ou o peixe. Assim sendo, os carapaus alimados era a forma de cozinhar o peixe, que depois os trabalhadores levavam na sua marmita quando iam para os campos.
Hoje é muito apreciado como petisco, mas serve de prato principal, quando acompanhado de batata cozida e uma boa salada de tomate.
Começamos por amanhar carapaus médios, tirando a cabeça e as tripas, incluindo a espinha que se encontra ao fundo da barriga ( muito importante este pormenor para a conservação do peixe ) depois salgam-se em camadas, não esquecer de por sal na barriga dos carapaus. Eu deixo ficar assim umas seis a oito horas, há quem deixe de um dia para o outro, eu particularmente não gosto, ficam muito salgados. Levar a cozer num tacho com água fria, quando começar a ferver desligar o lume, deixar repousar um pouco e depois escorrer a agua e deitar mais água fria e com cuidado retirar toda a pele, colocar numa travessa e temperar com alho picado e cebola também picada, assim como salsa, regar com azeite e um pouco de vinagre.
Bom apetite !

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Receitas antigas.... Cavalas em molho de tomate

Hoje é do conhecimento geral o quanto é saudável comer peixe e se há uns anos, os peixes azuis como a cavala, sardinha,  atum, anchova, eram pouco recomendáveis e só os menos abastados os consumiam, hoje com a descoberta dos benefícios do ómega 3 passámos a comprar e a cozinhar estes peixes que têm um sabor muito rico, muito intenso e são muito nutritivos.
Em minha casa sempre se comeu cavalas e na minha infância quem as cozinhava com arte de chefe era o meu pai. Sempre faço como ele, mas creio que nunca têm ou ficam com o aroma e sabor que a minha saudade as recorda.
Num tacho de barro colocar uma ou duas cebolas( depende do tamanho ) novas ás rodas, uma folha de louro, tomate sem pele também ás rodas, tiras de pimento verde e vermelho, alho picado, tudo assim ás camadas e rega-se com azeite vai ao lume e deixa-se cozinhar, depois acrescenta-se vinho branco, deixa-se evaporar e coloca-se as cavalas ás postas temperadas com sal ( sem exagerar no sal )
tempera-se com pimenta, um pouco de piri-piri e um ramo de coentros e salsa ,tapa-se o tacho e deixa-se cozer o peixe. Serve-se com batatas cozidas.
O meu pai costumava meter o tacho no forno de lenha.Muitas vezes aproveitava a cozinhar no dia de fazer o pão.
Este peixe e o pão acabado de sair do forno são uma doce lembrança....

Bernado de Passos poeta algarvio

O que eu te falo em segredo
O que  eu converso contigo
.... Nas mágoas que te não conto
Nos sonhos que te não digo


Todos já tivemos amores platónicos, amores que ficaram pelo caminho, amores que foram só sonhados, amores que ficaram por viver, amores que foram mágoas e amores que foram só segredos.
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