Prece Irlandesa

" Que as gotas da chuva molhem suavemente o seu rosto
Que o vento suave refresque o seu espírito
Que o sol ilumine o seu coração
Que as tarefas do dia não sejam um peso nos seus ombros
E que Deus envolva você no manto do seu amor "

Estamos mesmo no fim do ano e que Deus nos dê saúde, trabalho, harmonia, tolerância, amor e paz.
Feliz ano de 2014.

Natal......Miguel Torga

" Natal
Devia ser neve humana
A que caía no mundo
Nessa noite de amargura
Que se foi fazendo doce....
Um frio que nos pedia
Calor irmão nem que fosse
De bichos de estrebaria "

                                                 Miguel Torga

   Um santo Natal.

Tempo de advento

" Natal
O melhor de tudo, Natal quer dizer um espírito de amor, um tempo quando o amor de Deus e o amor dos seres humanos deveriam prevalecer acima de todo o ódio e amargura, um tempo em que nossos pensamentos, acções e o espírito das nossas vidas manifestam a presença de Deus. "
       
                                                      " desconhecido "

O tempo de advento, deveria ser assim; tempo de amor entre os homens.
Lembro-me do tempo em que se festejava o nascimento do menino Jesus e as prendas eram muito simples, não havia este consumismo e havia sim, pequeninas lembranças e toda a envolvência do Natal era espiritual , toda a comunhão do amor era vivida em família e muita partilha entre amigos e vizinhos.

Bolo para um chá

Esta receita já se faz em minha casa há mais de vinte e sete anos, continua a fazer as delicias da família. É uma receita muito apropriada para a época, tem tudo o que se quer na quadra que se vive actualmente.
Bolo de maçã e nozes

• 2 chávenas de açúcar
• 2 chávenas de farinha
• 1/2 chávena de óleo
• 5 ovos inteiros
• 400g de maçã ( descascada e partida em quadradinhos )
• 12 nozes ( miolo )
• 1 colher de sobremesa de canela
• 1 colher de chá de fermento

Bater os ovos com o açúcar, juntar o óleo,  a farinha, canela e fermento e por fim o miolo da noz e a maçã. Levar ao forno numa forma bem untada e polvilhada, coze em 50 minutos +- em forno moderado.
Bom apetite

Dezembro mês de Natal

Chega o mês de dezembro e sentimos toda a envolvência do Natal, é a publicidade, as luzes, as musicas , as ruas decoradas .É também um tempo de nostalgia, de saudades dos que já partiram, dos que fizeram parte do encanto dos natais da nossa infância.
A vida é como um comboio e não é muito lento, passa depressa nas estações , numas deixa pessoas que sabemos que já não apanham mais nenhum comboio, noutras estações entram pessoas que farão parte do resto da nossas vidas. No meu comboio já levo alguns lugares vazios  mas graças a Deus levo outros bem ocupados e outros ocupados até com alguma bagunça, com quatro rapazinhos sempre prontos para a brincadeira . É com eles e para eles que desejo um Natal cheio de luz, porque o natal é das crianças.

Nelson Mandela

" Que a minha liberdade não seja maior que a tua "
 Assim pensou sempre Nelson Mandela.
Um exemplo de ;
Tolerância
Amor ao próximo
Igualdade
Liberdade
Justiça
Perdão

Um Grande Homem, que descanse em paz.

Uma sopa para a Conchita

São Martinho passou pelo Algarve e deixou-nos o seu verão, mas hoje o sol perdeu o seu calor e apetece ficar no sofá com uma mantinha e um chá quente, aproveito e faço uma viagem pela blogosfera e leio alguns blogs, uns de culinária, outros de actualidades, mas todos têm em comum serem de jovens mulheres, todas terem uma profissão, serem mães e donas de casa. Atentas aos filhos, há sua educação, ao seu bem estar e nutrição. São mulheres exemplares.
http://lovesconchita.blogspot.PT é um blogue que gosto de ler, gosta de arte, de decoração de interiores, muito sensível ao bom gosto. Também uma mãe preocupada com os seus filhos, o que a  faz  ter gosto de preparar boas refeições. Para ela a receita da seguinte sopa;
     
                  Sopa de brócolos
Numa panela coloco uma cebola ás rodas e um dente de alho laminado com três colheres de sopa de azeite, deixo refogar um pouco e junto três cenouras, quatro batatas medias, um nabo pequeno e um ramo de brócolos médio, tudo partido aos bocados, cubro com agua e  tempero de sal e deixo cozer. Passo com a farinha magica, acrescento mais agua quente se necessário e polvilho com coentros ou cebolinho picados, rego com um fio de azeite e deixo harmonizar os sabores, depois é só servir. Agora apetece tanto uma tijela de sopa quente, aquece as mãos e o coração
( faço sempre a minha sopa com batata, esta coloquei quatro batatas se uso curgete só ponho duas batatas, se não há indicações médicas em contrário, com batata a sopa fica mais cremosa e ganha em sabor.)

Filhos ( 2 )

Navegando pela blogosfera, no blogue http://passarinhosnotelhado.blogspot.PT fui encontrar este texto lindo, ou não fosse ele dedicado aos filhos, tema que me apaixona e fascina.
 
  " Os filhos são como as pipas* ;
Você ensinará a voar, mas não voarão o teu voo .
Ensinará a sonhar, mas não sonharão o teu sonho.
Ensinará a viver, mas  não viverão a tua vida.
Porém em cada voo, em cada sonho e em cada período das suas vidas, permanecerá para sempre os rastros dos teus ensinamentos...."
                                                                    Autor desconhecido

pipas * papagaios de papel

Sopas de caldo de grão....comida alentejana

Sou algarvia, filha e neta de algarvios, mas sei que tenho antepassados alentejanos. Gosto de brincar e dizer que é este meu lado alentejano que me faz gostar tanto do Alentejo. Gosto das suas gentes,dos seus cantares, das suas planícies, das suas praias,gosto dos seus cheiros a poejos, a coentros, a hortelã da ribeira, gosto da sua gastronomia; gosto de açordas, de migas, de ensopado de borrego, das sopas de beldroegas, de cação e os seus seus doces... quem é que não gosta de sericaia, de pão de rala ?
Hoje o meu almoço foi uma sopa alentejana, feita à minha maneira;

Sopas de caldo de grão
De véspera demolhei 500g de grão que depois coloquei na panela de pressão, juntei uma cebola picada, uma fatia de abóbora e uma batata média em quadradinhos, meio chouriço ,100g de toucinho entremeado e 100g de carne de vaca, temperei com sal e pimenta, uma folha de louro e um fio de azeite ( aprendi que o azeite deixa os grãos mais macios ) coloquei também uma colher de café de bicarbonato de sódio, coloquei água até cobrir tudo e levei a cozer na pressão 30 minutos. Depois de cozido tem que ficar com caldo, se for preciso acrescentar água a ferver. Retifiquei os temperos.
Numa terrina com fatias de pão alentejano coloquei o caldo e os grãos, por cima as carnes e aromatizei com um ramo de hortelã.
É bom , barato e saudável !
( Pode-se substituir a carne de vaca por borrego )

Tempo de Dor

" O egoísmo, a insensibilidade, a frieza de espírito, nascidos de um sistema que liquida os laços sociais de que a humanidade é fundamento, determinam e talvez expliquem este nosso amargo tempo"

                                                                                              Baptista-Bastos
Não sei em que contexto Baptista -Bastos falou, ou escreveu assim, mas, está actualizado neste tempo em que vivemos.

Tempo de desespero, de luz apagada ao fundo do túnel, de fim da linha, de grande dor , só isso explica o suicídio de uma mãe junto com o seu pequeno filho.
Sem mais palavras. Um profundo silêncio de respeito.

Pensamento do dia

" Não viva para que a sua presença seja notada
mas para que que a sua falta seja sentida "

                                                                                    Bob Marley

Nos tempos difíceis que correm, sejamos solidários, altruístas, comedidos nos nossos comentários, sem fazer juízes de valor, sejamos simpáticos com quem nos rodeia, porque ás vezes basta só um pouco da nossa atenção para fazer a diferença.


                                                                                                          

      

 

Halloween

  " Sonho
O sonho tem um encanto
que ás vezes não percebemos
É nos sonhos que somos
quem realmente queremos

O encanto de um sonho
está no pensamento
Que revela a sua alma
o que somos por dentro "

                                                  Poema as Bruxas

Xerém ......prato tipico Algarvio

Nestes dias, em que outono e inverno se confundem, com um frio já apetecer um casaco mais quente, mas o sol a convidar-me para o terraço na companhia de uma chávena de chá, ao mesmo tempo vou folheando umas revistas antigas de culinária ( teleculinária ) e a pensar em menus de comida de conforto para futuros almoços de família , é então que me lembro do Xerém da minha infância, nessa altura não gostava, mas como ao longo dos anos vamos mudando o nosso paladar, hoje gosto muito e nem só eu, toda a família gosta.

                                           Xerém com ervilhas

Cozer em pouca água com uma pitada de sal uma chávena almoçadeira de ervilhas ( eu gosto da Iglo ) e reservar, fritar em cubinhos 100g de toucinho e meio chouriço de carne, fritar na própria gordura e reservar também. Num tacho grande colocar 3 litros de água e um pouco de sal, levar ao lume e ir deitando em chuva 500g de farinha de milho, mexendo sempre com uma colher de pau, quando começar a ferver ter cuidado porque as papas vão saltar, tapar o tacho e cozer em lume brando uns 20 minutos, destapar o tacho com cuidado, mexer bem e introduzir as ervilhas, o toucinho e chouriço, querendo pode-se polvilhar com coentros, deixar harmonizar os sabores ,esperar um pouco e servir. Há quem sirva com fatias de pão frito. Tanto se pode servir como prato principal ou  como entrada. Eu gosto mais como entrada. Esta receita dá como entrada, para seis pessoas.
Bom apetite !
( Ao cozinhar o xerém se ver que as papas estão muito consistentes acrescentar um pouco de  água a ferver ).

Felicidade

" Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontra-la e deixá-la ir embora por não perceber a sua simplicidade. "

                                                                                                 Martha Medeiros

A felicidade nas pequenas coisas :

• O ombro amigo do marido
• O abraço dos filhos
• Os beijos e sorrisos dos netos
• A família reunida à volta da mesa
• Um sofá, um livro e o ronronar do nosso gato numa tarde de chuva
• Um pôr do sol á beira mar
• O desabrochar de uma flor

Tantas coisas que nos fazem felizes !

Ser verdadeiro

Ser verdadeiro, não ter medo de ter opiniões diferentes, sermos nós mesmos, todos os dias , às vezes não é a melhor atitude ,mas é a atitude certa, para não nos transformarmos noutra pessoa.

" Não ser ninguém a não ser você mesmo
num mundo que faz todo o possível, noite e dia
para transformá-lo em outra pessoa, significa travar a
batalha mais dura que um ser humano pode enfrentar;
e jamais parar de lutar "

                                                                                           E.E. Cummings

Açorda para o dia Mundial do Pão

Há muitos anos li um livro de Pearl S. Buck que contava a historia de um personagem que em pequeno passara fome, depois de adulto acabara por ser um empresário de sucesso, mas, nunca esquecendo a sua infância, quando se referia ao almoço ou ao jantar dizia sempre o " alimento ".
Hoje é Dia Internacional da Alimentação e Dia Mundial do Pão . O " alimento " ainda hoje é muito mal distribuído pelos Países do mundo ,enquanto uma parte da população mundial têm uma alimentação em excesso e são obesos, mais de 842 milhões de pessoas passam fome e estão subnutridos.
Dia Mundial do Pão, o pão nosso de cada dia, o pão sempre presente nas nossas mesas.
Confesso que gosto muito de pão ( mais do que bolos ) e tenho uma boa relação com a comida, gosto de todos os alimentos e sou muito moderada a comer, isso e uma boa herança genética faz de mim uma pessoa saudável e sem excesso de peso. Acredito que somos aquilo que comemos.
E nada melhor para comemorar este dia que uma saudável açorda.

Num almofariz colocar três dentes de alho, um ramo de coentros e poejo juntos, uma colher de sopa de sal grosso e esmagar bem obtendo uma pasta que se coloca numa terrina com quatro colheres de sopa de bom azeite , numa panela colocar litro e meio de água, dois pingos de vinagre e levar ao lume até ferver, deitar com cuidado quatro ovos ( se forem caseiros melhor ) e deixar escalfar, com cuidado retirar os ovos e deitar a agua a ferver na terrina, mexer e ir colocando fatias de pão caseiro ou pão alentejano na terrina, deixar com caldo e colocar os ovos e servir com azeitonas, petingas fritas ( claro, as petingas só em dias especiais , não convém abusar ) acabar a refeição com fruta da época.
Bastante saudável e económico.

Jovens

Há noticias que me deixam realmente triste e a pensar para onde caminham muitos jovens ( não todos felizmente )  da nossa sociedade. Este acidente que se passou numa escola de Massamá, demonstra bem que há muitos problemas nas escolas. A adolescência é uma etapa difícil, os pais têm que estar muito atentos, mas, nos tempos atuais, também há pais que atravessam muitas dificuldades.
Vivemos mesmo um tempo muito difícil, mas proteger as nossas crianças e jovens tem que ser uma prioridade e ás vezes eles só precisam de um abraço e de um pouco do nosso tempo.

Uma noticia oposta e que também me deixa a pensar; Malala Yousafzai recebeu o prémio Sakharov pela Liberdade de Pensamento atribuído pelo Parlamento Europeu.
Malala luta pelo direito à educação das raparigas do seu País, já foi baleada, a sua família teve que sair do  Paquistão para a proteger. Muito jovem, luta por aquilo em que acredita.
" Uma criança, um professor, uma caneta e um livro podem mudar o mundo" é o seu lema.

Que os nossos jovens tirem todo o proveito de terem acesso ao ensino, sejam rapazes ou raparigas  e que Malala seja uma inspiração. Bem precisam.

Outonal...... Florbela Espanca

Caem as folhas mortas sobre o lago !
Na penumbra outonal, não sei quem tece
As rendas do silencio...Olha, anoitece !
- Brumas longínquas do País vago...

Veludos a ondear...Mistério mago...
Encantamento...A hora que não esquece
A luz que a pouco e pouco desfalece
Que lança em mim a bênção dum afago...

Outono dos crepúsculos doirados
De púrpuras, damascos e brocados !
-Vestes a Terra inteira de esplendor !

Outono das tardinhas silenciosas
Das magníficas noites voluptuosas
Em que soluço a delirar de amor...

Outono, a minha estação, as cores, os cheiros, os sabores. Já não é verão, também não é inverno. É um tempo de recomeçar, um tempo de introspeção e nada melhor que ler Florbela Espanca.

Sobremesa de outono

Uma amiga minha, inglesa, a viver no Algarve há muitos anos, sempre me tem dito que os nossos legumes e frutas são muito saborosos, talvez devido ao nosso clima. Confesso que gosto de legumes e há sempre sopa feita, uma forma sempre saudável de começar uma refeição, assim como para a terminar prefiro uma peça de fruta. Mas ás vezes também gosto de uma sobremesa mais elaborada, um dia não são dias e agora é o tempo da nossa pera rocha, não são algarvias mas são portuguesas e o que é nacional é bom.

                                                Peras Doces com Vinho
8 peras
casca de limão
300g de açúcar
1/2 cálice de brandy
1 pau de canela
3 bagos de pimenta preta
2 cravos de cravinho
7/5 dl de vinho tinto

Dissolver o açúcar no vinho, colocar a casca de limão, o pau de canela e as especiarias levar ao lume, descascar as peras deixando o pé e colocar no tacho, cozer até ficarem macias, retirar para um prato e juntar ao vinho o cálice de brandy, quando a calda apresentar o aspecto de xarope retirar do lume deixar arrefecer, retirar as especiarias assim como a casca de limão e o pau de canela e deitar a calda por cima das peras.
Bom apetite !


      

  

Balanço do verão

Embora seja em setembro que chega o outono, foi por estes dias que ele se manifestou por terras algarvias, as temperaturas ainda estão acima dos vinte e cinco graus, mas o céu já se vestiu de cinzento e uma chuva já deu um ar de sua graça, deixando um cheiro a terra molhada.
Com um chá e uma torrada barrada com doce de tomate ( dos tomates do verão, da horta da avó M.. ) é um momento ideal para fazer o balanço deste verão. Não é a minha estação preferida, na verdade o que mais gosto do verão, são os dias longos, o ter tempo para fazer tudo, o ter tempo de estar com os netos. Não gosto do tempo muito quente e este verão foi pródigo em calor e houve o flagelo dos incêndios, uns naturais, outros por mão criminosa, que deixou o País de luto, Deixou pais sem filhos, filhos sem pais. Agora que estamos no outono ,que os dias vão ficar mais pequenos, mais cinzentos, mais frios, não tarda está aí o inverno e chega o Natal e estou a pensar que nalguns lares vai haver um lugar vazio à mesa da consoada e uma dor no coração das pessoas que se sentam à frente desse lugar vazio. Houve muitas promessas por parte dos nossos governantes, espero que a chuva e o frio nos longos meses de inverno não apague as promessas e as  lembranças deste inferno que foi os incêndios e que quando chegar os dias quentes e as temperaturas começarem a subir, também espero não ouvir a comunicação social dizer que está aberta a " época dos incêndios", da mesma forma como dizem que está aberta a época balnear.

Eugénio de Andrade..........Urgentemente

      É urgente o amor
      é urgente um barco no mar
      é urgente destruir certas palavras
      ódio, solidão e crueldade
      alguns lamentos
      muitas espadas

     É urgente inventar alegria
     multiplicar os beijos, as searas
    é urgente descobrir rosas e rios
    e manhãs claras

   Cai o silêncio nos ombros e a luz
   impura, até doer
   é urgente o amor, é urgente
   permanecer.



É urgente o amor, a solidariedade, o abraço, a paz. Sempre.

Os meus sonhos

Sonho, sonho muitas vezes acordada. Sonho que não tenho medo de andar de avião, sonho que tenho muitas possibilidades de viajar e viajo, vou conhecer África, a terra da minha mãe, fecho os olhos e sinto o cheiro da terra, vejo o pôr do sol lindo, grande, com tonalidades vermelhas, sinto a noite, vejo a grande avenida, ao fundo a praia e oiço o bater das ondas. Sim estou em Tombwa  ( antiga cidade Porto Alexandre) onde nasceu a minha mãe e onde descansa a minha avó, talvez por isso ,este meu fascínio por África .

          " Pus o meu sonho num navio
            e o navio em cima do mar
            depois abri o mar com as mãos
            para o meu sonho  naufragar "

                                                                     Cecília Meireles

A importância de um lugar

Num artigo de opinião na revista Visão, José Luís Peixoto escreveu esta frase; " Eu tenho um lugar. Por isso, nunca me perco no mundo imenso ".
Sim, todos temos um lugar. A nossa casa, a nossa aldeia, o nosso bairro, a nossa cidade, o nosso País.
Agora vamos imaginar uma pessoa que nasce num país distante, é  lá que cresce, que vai á escola, que tem amigos e família, que se faz adulto, depois repentinamente, por motivos políticos e de guerra tem que abandonar tudo aquilo que considera seu. Começa tudo de novo noutro país, é lá que forma família, tem a sua casa, a sua empresa, é feliz e realizada. Depois tudo de novo se desfaz, novamente a politica, um ditador. Volta á terra dos seus avós, só que já passaram muitos anos, tudo é novo e diferente, não se adapta, os filhos estão cada um num país diferente. Novamente parte á procura do seu lugar, agora a idade já pesa, já não tem vinte anos, custa mais começar de novo, mas tenta, tem a seu lado o companheiro de uma vida, não está sozinha mas precisa de encontrar o seu lugar antes que chegue o inverno da vida, precisa do aconchego de um lugar, de uma cidade, de um país.
Parece tão simples um lugar, só nos apercebemos da sua importância quando não temos um lugar á nossa espera, neste mundo imenso.

Florbela Espanca

                                                       Ser Poeta

 Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
 Do que os homens! Morrer como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além-Dor

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de infinito!
por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

O verão com as suas tardes longas dá para revisitar os  nossos poetas.
Nada melhor que a nossa Florbela Espanca para nos fazer companhia no terraço á hora do lanche.
Com um livro nunca estamos sozinhos.

Petisco algarvio - carapaus alimados

Quando ainda não havia o processo de refrigerar ou  congelar os alimentos para a sua conservação, era o sal o meio mais usado para conservar a carne ou o peixe. Assim sendo, os carapaus alimados era a forma de cozinhar o peixe, que depois os trabalhadores levavam na sua marmita quando iam para os campos.
Hoje é muito apreciado como petisco, mas serve de prato principal, quando acompanhado de batata cozida e uma boa salada de tomate.
Começamos por amanhar carapaus médios, tirando a cabeça e as tripas, incluindo a espinha que se encontra ao fundo da barriga ( muito importante este pormenor para a conservação do peixe ) depois salgam-se em camadas, não esquecer de por sal na barriga dos carapaus. Eu deixo ficar assim umas seis a oito horas, há quem deixe de um dia para o outro, eu particularmente não gosto, ficam muito salgados. Levar a cozer num tacho com água fria, quando começar a ferver desligar o lume, deixar repousar um pouco e depois escorrer a agua e deitar mais água fria e com cuidado retirar toda a pele, colocar numa travessa e temperar com alho picado e cebola também picada, assim como salsa, regar com azeite e um pouco de vinagre.
Bom apetite !

Receitas antigas.... Cavalas em molho de tomate

Hoje é do conhecimento geral o quanto é saudável comer peixe e se há uns anos, os peixes azuis como a cavala, sardinha,  atum, anchova, eram pouco recomendáveis e só os menos abastados os consumiam, hoje com a descoberta dos benefícios do ómega 3 passámos a comprar e a cozinhar estes peixes que têm um sabor muito rico, muito intenso e são muito nutritivos.
Em minha casa sempre se comeu cavalas e na minha infância quem as cozinhava com arte de chefe era o meu pai. Sempre faço como ele, mas creio que nunca têm ou ficam com o aroma e sabor que a minha saudade as recorda.
Num tacho de barro colocar uma ou duas cebolas( depende do tamanho ) novas ás rodas, uma folha de louro, tomate sem pele também ás rodas, tiras de pimento verde e vermelho, alho picado, tudo assim ás camadas e rega-se com azeite vai ao lume e deixa-se cozinhar, depois acrescenta-se vinho branco, deixa-se evaporar e coloca-se as cavalas ás postas temperadas com sal ( sem exagerar no sal )
tempera-se com pimenta, um pouco de piri-piri e um ramo de coentros e salsa ,tapa-se o tacho e deixa-se cozer o peixe. Serve-se com batatas cozidas.
O meu pai costumava meter o tacho no forno de lenha.Muitas vezes aproveitava a cozinhar no dia de fazer o pão.
Este peixe e o pão acabado de sair do forno são uma doce lembrança....

Bernado de Passos poeta algarvio

O que eu te falo em segredo
O que  eu converso contigo
.... Nas mágoas que te não conto
Nos sonhos que te não digo


Todos já tivemos amores platónicos, amores que ficaram pelo caminho, amores que foram só sonhados, amores que ficaram por viver, amores que foram mágoas e amores que foram só segredos.

Salada de cenoura algarvia

É verão, tempo quente, tempo de férias, tempo de gozar o tempo, por isso é obrigatório ficar o menos tempo na cozinha.
Saladas, frutas, sumos e os nossos peixes frescos, os nossos mariscos, aproveitar o que é nosso.
Hoje lembrei-me da salada de cenoura algarvia, muitas vezes servida como entrada nos restaurantes.
Descascar cenouras médias, cortar às rodas e pôr a cozer em água com um pouco de sal, depois de cozidas escorrer bem num passador, colocar numa saladeira e temperar com alho e salsa tudo bem picadinho, pimentão doce e uma pitada de cominhos ( nesta receita os cominhos fazem toda a diferença, herança da ocupação árabe no Algarve )  azeite e um pouco de vinagre.
Acompanha bem com azeitonas temperadas com alho, orégãos e azeite, com pão caseiro e queijo de cabra fresco, uma boa entrada até chegar á mesa umas ameijoas á Bulhão Pato, ali da nossa Ria Formosa, já agora com um vinho branco fresco também algarvio.
Bom apetite e boas férias.

António Aleixo poeta popular algarvio

Só quando a hipocrisia
Cair do seu pedestal
Nascerá, dia após dia
Um sol para todos igual.


Sem mais comentários.

António da Encarnação Pereira poeta algarvio

    " Sou algarvio
     e a minha rua tem o mar ao fundo
     Sempre que passa por aqui algum navio
     Passam por aqui navios de todo o mundo
     Passam por aqui navios para todo o mundo
     Oiço a voz que me namora
     Da outra banda do mar
     Que me namora e me chama da outra banda do mundo ......"
 
Conheci este poeta há pouco tempo e foi através de um grande amigo. Adorei este poema. Gosto de poesia, mas não gosto de poemas que não me digam nada. É preciso sentir a poesia. Como algarvia que sou, este poema é um hino ao mar . É assim que o sinto. Um hino a este mar que nos faz sonhar com outras paragens, um mar que nos inquieta e nos acalma, um mar que umas vezes é traiçoeiro e outras vezes nos abraça, mas é sempre o mar que nos impulsa ao sonho e como algarvia também digo;
" Sou algarvio
 e a minha rua tem o mar ao fundo .... "

João de Deus poeta algarvio

                                                             Sempre
                                
                                            Nem te vejo por entre a gelosia
                                            Nunca no teu olhar o meu repoisa
                                            Nunca te posso ver e todavia
                                            Eu não vejo outra coisa !

Para reflectir

Gosto muito de ler e aproveito as tardes longas de verão para espreguiçar e pôr a leitura em dia e geralmente todos os anos escolho um escritor, este ano leio Susana Tamaro.Gosto muito desta escritora , muito profunda , muito sensível , com uma visão muito espiritual sobre a vida mas ao mesmo tempo muito atenta à realidade do seu país e do mundo. Muito curioso , no livro Cartas a Matilde, escrito em 1997, ela escreve; " Há anos que o nosso país vive um estado cada vez mais grave de degradação, uma descida longa e escura de que não se consegue ver o fim. É como se estivéssemos dentro de um autocarro conduzido por um motorista que tivesse enlouquecido . que importa que no autocarro haja mulheres , crianças e velhos? _ pensa ele  na sua corrida alucinada _ o que importa é que o autocarro vá para onde eu disser ! "
Muito actual estas palavras. Poderiam ter sido escritas hoje e não só sobre o seu país, mas dirigidas ao mundo.
Para reflectir !


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Calor no Algarve e um gaspacho

Algarve, muito calor e já uma atmosfera de férias, é bom ver as nossas praias cheias, em tempos de crise, os algarvios agradecem .
 Mas é preciso ter cuidado com o sol, nas férias , muitos pais deixam-se ficar pela praia nas horas de maior calor, com crianças muito pequenas. Todos os anos constato isso.
Sempre gostei de chegar à praia muito cedo, sentir o ar muito leve e límpido com um cheiro inconfundível a maresia , a praia quase deserta, as gaivotas voando sobre o mar e mergulhando à procura do pequeno almoço. Tudo isto foi uma etapa da minha vida, hoje  já não faço praia mas gosto de ao fim da tarde dar uma caminhada à beira mar e nas horas de maior calor fico em casa com um livro.O verão convida à leitura e a um almoço fresco no terraço, então sabe bem um gaspacho com sardinhas assadas ou carapaus alimados , gastronomia bem algarvia .
Para o gaspacho começo por cortar aos cubinhos, tomate , pepino, pimento, cebola e alho, coloco tudo dentro de uma saladeira grande e tempero com orégãos, sal e umas duas gotinhas de vinagre rego tudo com azeite e misturo bem, acrescento água fresca  suficiente e coloco quadrados pequenos de pão caseiro .Os alentejanos acompanham com presunto ou salpicão, é também delicioso com figos maduros.
Bom apetite !

Vai aonde te leva o coração

" Quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não te metas por uma ao acaso, senta-te e espera, respira com a mesma profundidade confiante com que respiras-te no dia em que vieste ao mundo e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te e vai para onde ele te leva "

Já li e reli este livro que fala sobre as relações familiares de três mulheres, de gerações diferentes.
Ontem foi o dia Mundial da Família, decretado há dezanove anos por Assembleia das Nações Unidas.
É muito importante a família, seja a tradicional ou monoparental, não interessa, é fundamental no ser humano o núcleo familiar que nos envolve.
O tempo actual é de crise, vivemos momentos que exigem muito de nós, mas é bom ouvir no aconchego da família, uma voz, como um abraço que nos diz; senta-te, espera, respira confiante e vai onde te leva o coração. Porque muitas vezes é tão mais simples quando há uma mão que aperta a nossa e nos mostra o caminho.

Provérbios

Nasci no seio de uma família de camponeses, gente simples, mas com muita sabedoria popular. Aprendi muito cedo alguns provérbios que têm sido lições que tenho seguido ao longo da minha vida.
" Quem mexe no mel lambe os dedos"
" Não há guerra de mais aparato, do que muitas mãos no mesmo prato"
" Todo o pássaro come trigo, só o pardal é que paga"
" Não estiques a perna mais que o lençol"
" Bem prega Frei Tomás, olha ao que diz e não ao que faz"
" Casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão"
" Para bom entendedor meia palavra basta"
Provérbios sempre actuais.

Dia da mãe. Obrigada Senhor

Obrigada Senhor
Obrigada, senhor, pela mãe que você me deu....
por todas as mães do mundo
pelas mães brancas, de pele alvinha....
pelas pardas, morenas ou bem pretinhas...
pelas ricas e pelas pobrezinhas...
pelas mães-tias, pelas mães-avós, pelas madrastas-mães...
pela mãe que embala ao colo o filho que não é seu...
pela saudade querida da mãe que já partiu...
pelo amor latente em todas as mulheres, que desperta, ao sentir em si uma nova vida...
pelo amor, maravilhoso amor que une mães e filhos...
                                           Eu lhe agradeço Senhor
                                                                                                 (autor desconhecido)


Desejo a todas as Mães um dia feliz.

Os netos

O amor de mãe e de avó são dois amores juntos, que de tão distintos e tão unidos se confundem num amor só. Sim, sou uma avó babada, daquelas que ao falar dos netos precisa de ter uma caixa de kleenex ao lado.
Neste fim de semana recebi a visita dos meus rapazinhos e fiquei deslumbrada.Como cresceram, como estão bonitos!
O E.. com os seus oito anos está grande, é um querido, com um coração de ouro, sempre pronto a ser útil, em ajudar os outros, com um grande sentido de familia, muito protector do irmão e do primo.
O M.. é muito inteligente, vivo, falador , com o seu ar de menino bem comportado, engana , é dele as ideias para as travessuras e aventuras.
O A.. é o neto que deixa qualquer avó apaixonada.É lindo! Sempre de sorriso nos lábios e nos olhos, ou então mal humorado, quando as coisas não lhe correm a favor.Tem crescido depressa para acompanhar o irmão e o primo nas brincadeiras.
Depois o V.. ainda no aconchego do ventre da mãmã, que nos enche de expectativas , de sonhos e de amor.
Que cresçam com saude e que Deus ilumine os seus caminhos pela vida com a luz do Bem,  do Saber, da Verdade, do Amor e da Justiça.Que faça deles homens bons, felizes e realizados

Receitas antigas....peixe de caldo

O meu blogue não é sobre culinária.....escrevo sobre coisas e factos que me chamam a atenção, coisas minhas e lembranças que muitas vezes me vêem à memória.E hoje ao cozinhar o almoço lembrei-me de pôr aqui a receita. Não é uma caldeirada de pescadores, é antes um caldo de camponeses, que nas suas horas de lazer íam pescar há rocha e apanhavam cabozes, torrados, pequenos sargos e safias que depois eram preparados assim:
Depois de amanhados os peixes são salpicados com pouco sal, entretanto leva-se ao lume um tacho com azeite, cebola e alho tudo picadinho e uma folha de louro, acrescenta-se depois dois tomatos (de preferência da horta, bem carnudos) e pimento verde e vermelho, tudo aos cubos, deixa-se refogar bem, tempera-se com pimenta e pimentão doce, acrescenta-se água suficiente que  dê um caldo para todos os convivas à mesa , deixa-se ferver e com cuidado colocamos o peixe,ferve mais um pouco, este peixe coze rápidamente e rectificamos os temperos. Polvilhamos com coentros e poejo picados e colocamos fatias de pão caseiro numa pelengana ( tigela de loiça rústica que todas as casas rurais tinham ) e deitamos o caldo por cima e servimos o peixe numa travessa.
Eu gosto mais de servir o caldo numa terrina e fatias de pão torrado numa cesta, os convidados colocam uma fatia de pão no prato e regam com o caldo.
As coisa simples são o que nos fazem mais felizes.
E hoje este post teve direito a foto, gentileza da filha que sabe que a mãe ainda é novata nestas coisas.

Dias de verão

Não, não foi a primavera que chegou por estes dias ao Algarve.Foi o verão, passámos, bruscamente do inverno para o Verão.E hoje, coloquei um livro dentro do saco e fui lanchar a uma esplanada de uma belíssima praia perto de casa. Sim, sou uma sortuda, vivo no campo com o mar logo ali. Lanchei ouvindo o mar ,vendo o céu e o mar no mesmo tom de azul e no ar o cheiro a maresia e as gaivotas no seu voo,como uma dança. Para o meu lanche ser completo só faltava a presença das minhas filhas, para o trio da meia de leite, quantas lembranças estes dias me trazem.
O verão com os seus dias longos, está aí e agora vamos aproveitar, a natureza está do nosso lado, nem tudo é cinzento.

" Narrativas"

Cansada, adormeci, a ouvir as  narrativas do animal feroz.Creio que vai haver mais narrativas, mas também sei que estarei muito cansada.

Mulher

Hoje é o dia da mulher.Não, não costumo festejar este dia, mas quero aqui prestar a minha homenagem a todas as mulheres que sofreram e morreram a lutar pelos seus direitos e prestar a minha solariedade a todas as mulheres que sofrem violência doméstica, um problema muito grave em pleno  século XXI.


O texto que aqui escrevo não é meu, é de autor desconhecido e encontrei-o no blogue http://passarinhosnotelhado.blogspot.pt. É lindo e dedico a todas as mulheres.

                                                                 Mulher
Ser mulher é caminhar na dúvida cheia de certezas
é correr atrás das nuvens num dia de sol e
alcançar o sol num dia de chuva.
Ser mulher é indentificar um sorriso triste e uma lágrima falsa;
é aquela que sempre dá mais uma chance;
é cair no fundo do poço e emergir sem ajuda.
Ser mulher é estar em mil lugares de uma só vez
é fazer mil papeis ao mesmo tempo;
é ser forte sem perder a delicadeza
Ser mulher é ser princesa aos 20 rainha aos 30 imperatriz aos 40 e especial a vida toda.
Ser mulher é saber ser super homem quando o sol nasce e virar cinderela quando a noite chega.
Ser mulher é uma dávida; é ter dentro de si um tesouro escondido e ainda assim dividi-lo com o mundo.

Chuva no Algarve e uma sopa quente

Estamos em Março, os dias já são maiores e pensamos em abrir as janelas, fazer as limpezas e arrumações de fim de estação, guardar os casacos, as botas, camisolas de lã  e trocar tudo por roupas mais leves, mais coloridas. Mas o mau tempo chegou ao Algarve e veio primeiro com vento norte muito frio e céu cinzento a esconder o sol, depois veio a chuva e creio que veio para ficar mais uns dias, chuva e muita humidade vinda do mar.Então é tempo de ir para a cozinha e preparar uma sopa quente para nos confortar.

                                                Sopa de alho françês e couve flor

Na panela de pressão coloco meia cebola e alho françês às rodelas com duas colheres de sopa de azeite, deixo estalar um pouco, junto depois metade de uma couve flor média, duas courgettes, metade de um nabo e duas batatas médias, tudo partido aos bocados, ponho sal e junto àgua suficiente para a sopa, depois de levantar a pressão deixo cozer uns quinze minutos.Entretanto num tacho pequeno levo a cozer com pouca àgua e sem sal um alho françês às rodelas finas ( só a parte branca) uma cenoura aos cubos e a metade do nabo também aos cubos.Tiro a pressão da panela reduzo tudo a puré e acrescento a guarnição do tacho pequeno, vai ao lume uns dois ou três minutos e rego com um fio de azeite e serve-se.
Quando reduzo a puré e acrescento a guarnição com a àgua em que foi cozida rectifico o sal e se precisar de mais àgua é sempre com àgua a ferver.
Bom apetite!

Reformados

Helena Sacadura Cabral, no seu fio de prumo fala de " reformas douradas".Já aqui falei sobre isso. E o que me chamou a atenção na manifestação do 2 de Março foi ver muitos reformados a manifestarem-se.Pessoas que acreditaram no Estado Social, que durante anos e anos trabalharam e descontaram para ter uma reforma e uma vida digna numa idade já avançada. Hoje sentem-se enganados, com reformas pequenas que sofreram cortes, o que implica mais sacrifícios numa idade já por si difícil, onde muitas vezes falta a saúde.
Não, os reformados não aguentam mais.
Eu própria vivo num impasse; sou velha para trabalhar e nova para a reforma e assim cá em casa só existe a reforma do meu marido que também sofreu cortes.Sei o que é gerir um mês com uma reforma que de "dourada" não tem nada.

Hugo Chavez

Hugo Chavez, um Presidente polémico, amado por uns, odiado por outros, foi vencido por um inimigo, o cancro. Deixa orfão o seu povo ( os mais desfavorecidos).
Paz há sua alma e que os Venuzuelanos encontrem o seu caminho.

Anedota

Uma professora de uma turma do 4º ano do ensino básico, diz aos seus alunos para fazerem uma composição sobre a família.
Um  aluno escreve: a minha família é pobre, o pai é pobre, a mãe é pobre, o mordomo é pobre, a cozinheira é pobre, o jardinheiro é pobre, o motorista é pobre, somos todos pobres.
Parece uma anedota, mas não é. Num país, onde se corta, em nome da crise e da troika, nas reformas da maioria dos portugueses, são pagas reformas luxuosas para que alguns "pobres" reformados mantenham uma vida de luxo.
E assim vai o nosso país.

Amar

Dia de São Valentim,dia dos namorados, o que importa?
Todos precisamos de amar e sermos amados.Todos os dias são dias para amar.Os pais, os irmãos, o namorado,o marido, os filhos,os netos, esse amor mais fofinho.E não ter pudor em dizer que os amamos, com este poema de Fernando Pessoa.

    "    Amo como amo o amor.Não conheço outra razão para amar  "
        Senão amar.Que queres que te diga, além de que te amo, se
        O que quero dizer-te é que te amo?

Dia da rádio

Ontem dia 13 de Fevereiro foi o dia da rádio.Confesso que hoje a rádio não me faz muita companhia,mas,já teve um papel muito importante na minha vida.Cresci a ouvir as noticias,os parodiantes de Lisboa,os discos pedidos e o folhetim rádiofónico.As vizinhas juntavam-se para ouvir "o romance".Eu, menina de seis ou sete anos ficava sentada ao lado da minha mãe, muito sossegada e maravilhada a ouvir o galope do cavalo de Mister Rochester da Paixão de Jane Eyre e imaginava campos verdes,grandes horizontes através daquela pequena caixa mágica.
Como uma simples data, a marcar um dia me trouxe tão boas recordações.

Não há entrudo sem galo

No algarve é tradição comer galo guisado com batatas na terça feira dia de carnaval.
É o galo do entrudo e eu gosto de o cozinhar, é claro que já alterei a receita, hoje faço há minha maneira.Aqui vai a receita:
Parto o galo em pedaços e coloco na panela de pressão,depois coloco uma cebola picada,um ramo de salsa picada e dois dentes de alho também picados,uma colher de chá de pimentão doce,uma pitada de cominhos,sal e pimenta,uma folha de louro e um copo de vinho branco e um pouco de azeite vai ao lume sem a pressão,deixo estufar bem,quando o vinho tiver reduzido acrescento àgua quente sem cobrir a carne e tapo a panela com a pressão deixo cozinhar dez ou quinze minutos depende do galo se é jovem ou não.Tiro a pressão e junto as batatas aos quartos e cozinho sem pressão ,em estando cozidas polvilho com salsa picada e serve-se.
O que alterei na receita original foi o seguinte:
Antigamente cozinhava-se com banha e deixei de fazer refogado.Junto tudo e levo ao lume,faço na panela de pressão mas pode-se fazer num tacho normal, leva é mais tempo, os galos caseiros têm a carne mais rija.
Bom apetite!

Carnaval

O carnaval é uma festa pagã com origem na Grécia muitos anos  a.c.Uma festa do povo para agradecer aos deuses o fim do inverno,o início da primavera e as boas colheitas.
Em Veneza o carnaval remonta ao governo do doge Vitale Faleir (1084-1096).Os nobres passaram a usar uma máscara para se juntar á festa do povo, onde saltibancos ,músicos, actores e comediantes se misturavam nas ruas da cidade.É hoje o carnaval mais luxuoso e sofisticado.É o meu preferido.
Comemorado em Portugal desde o século XV o entrudo foi levado pelos portugueses para o Brasil, com a mudança da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, passou a haver mais cuidado com a organização de bailes e passeios mascarados.Hoje o grande carnaval é na cidade do Rio de Janeiro levando lá milhares de turistas todos os anos.
Em Portugal foi perdendo o nome de entrudo e as festas que eram chamadas de Batalha das Flores passaram a ser uma cópia do carnaval brasileiro e eu que gosto de tradições, não estou de acordo, nem eu nem o nosso clima.

Viver no campo

Somos todos diferentes,nos nossos gostos e opiniões e isso faz com que não seja tudo cinzento ou cor de rosa à nossa volta.Todos temos uns óculos diferentes para ver cada situação à nossa maneira.Isto vem a propósito, de muitas pessoas gostarem de viver no campo e verem vantagens nisso e outras pessoas só se sentirem bem na cidade.
Nasci no campo e no campo tenho vivido sempre.Confesso, que quando era muito jovem gostaria de ter ído viver para uma grande cidade, mas, a minha vida não se propocionou nesse sentido.Hoje já não me vejo a viver sem ser no campo.Sou, ao contrário de muitas pessoas, que vivem em Lisboa e têm casa  de férias no Algarve.Eu vivo no Algarve e gostaria de ter casa em Lisboa para fins de semana. Na capital há concertos,teatros,museus e eu gosto da cultura que uma cidade grande contém, e também porque uma parte querida da familia  vive lá.
No campo temos o silencio, a paz, a liberdade,os cheiros, a natureza,temos ainda o comércio local, onde todos se conhecem,há uma maior proximidade entre as pessoas e isso faz com que haja mais solariedade também.Depois é diferente uma casa no campo e um apartamento na cidade.A casa tem a parte exterior, o quintal onde se cultiva umas couves e ervas aromaticas, ou a capoeira para ter ovos frescos,depois temos o espaço para as flores e arbustos, assim como espaço para os netos brincarem  no exterior, seja a andar de bicicleta,de trotinete ou jogar á bola.Por tudo isto gosto de viver no campo.

Comida de Invermo

Nunca se falou tanto em gastronomia como nos tempos actuais.São programas televisivos específicos, assim como a presença de chefes nalguns programas diários da nossa televisão.Hà livros e revistas,blogues,cursos e workshops.Sou a favor de novas técnicas,de novos produtos, de se misturar novos sabores.Gosto ainda mais da nossa cozinha tradicional.Agora no inverno e com estes dias frios e cinzentos gosto de cozinhar pratos que nos aconchegam,como o jantar de feijão com arroz que é uma receita tradicional  algarvia e faço-a da seguinte maneira;
Demolho no dia anterior 300g de feijão catarino e ponho sal em150g de entrecosto.No dia seguinte coloco 1 cebola picada e 1  dente de alho picado no fundo da panela de pressão ponho azeite e levo ao lume, junto depois o entrecosto mais 100g de toucinho entremeado e metade de um chouriço de carne assim como metade de um chouriço de sangue, tiro a pele e as graínhas a um tomate e junto à carne,mais 1 folha de louro,pimenta moida na altura e uma pitada de cominhos, junto o feijão e 1 litro e meio de àgua, tapo a panela e deixo levantar a pressão, coze uns 20 minutes, tiro a pressão,rectifico o sal, acrescento mais àgua(quente) pois pretendo um feijão com arroz malandrinho e junto uma chávena de arroz, coze mais 10 minutos,corto as carnes e junto um ramo de coentros picados e sirvo como prato único.Com fatias de pão caseiro e azeitonas temperadas.Comida de inverno num Algarve agora frio e com pouco sol.

2013

Depois da euforia da passagem do ano que se festejou com fogo de artifício, com champanhe e alegria, é tempo de fazer projetos para o novo ano.Não podemos viver sempre na sombra desta crise.É preciso ter sonhos, ter fé e esperança.
                                  
                                                  Cântigo de Esperança
             

                                      Não peça eu nunca
                                       para me ver livre de perigos
                                       mas coragem para afrontá-los

                                      Não queira eu
                                      que se apaguem as minhas dores
                                      mas que saiba dominá-las
                                      no meu coração

                                      Não procure eu amigos
                                       no campo da batalha da vida
                                       mas ter força dentro de mim

                                       Não desejo eu ansiosamente
                                         ser salvo
                                       mas ter esperança
                                       para conquistar pacientemente
                                       a minha liberdade

                                      Não seja eu tão cobarde senhor
                                      que desejo a tua misericódia
                                       no meu triunfo
                                       mas apertar a tua mão
                                       no meu fracasso.

                                                                                   Rabindranath Tagone

                   FELIZ ANO NOVO